Em passagem pela região, o presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho, foi o palestrante da reunião-almoço Tá na Hora, realizado pela Associação Comercial de Pelotas (ACP). Com uma projeção do cenário nacional e mundial econômico, devido ao avanço do coronavírus, ao impasse sobre a produção de petróleo entre Rússia e Arábia Saudita, Coutinho também traçou um panorama sobre a estiagem que afeta o Estado, e citou que a diretriz tomada pela instituição é a de analisar individualmente a situação dos produtores.

Formado em Engenharia Civil e Economia, Coutinho também já atuou como diretor financeiro de Crédito e Internacional no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e como sócio-fundador de outras duas instituições financeiras. O primeiro tópico abordado foi referente aos números do Banrisul, destacando a presença do banco em 85% dos municípios gaúchos, com 518 agências no Rio Grande do Sul e outras 17 nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. "Não temos a intenção de diminuirmos o número de agências", destacou. Ao todo, a instituição conta com 10,2 mil colaboradores. Outro aspecto destacado foram os esforços para aumentar a participação no setor do agronegócio e também em relação às micro e pequenas empresas, de forma a contribuir com o desenvolvimento do Estado. A tecnologia também foi citada como elemento importante para a instituição, que vem promovendo investimentos na área. Conforme Coutinho, a estimativa é que 54% das transações já são feitas por meios digitais.

Além de ter abordado o cenário macroeconômico mundial, com citação às eleições presidenciais nos Estados Unidos, o impasse entre Arábia Saudita e Rússia em relação à produção de petróleo e a peste suína, que atingiu a China, apontada como uma oportunidade de negócios para o Brasil, a disseminação do coronavírus foi citada como um importante fator de instabilidade política e econômica. Na última terça-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou o vírus como uma pandemia. Para Coutinho, esses efeitos ainda não estão sendo sentidos no Brasil, mas a situação pode mudar. "É uma questão de tempo", projetou. Nesse sentido, ele afirmou que não houve mudanças nas diretrizes do banco, mas a posição poderá ser revista. "Vamos tentar fazer o máximo possível para que a economia do Rio Grande do Sul não sofra, mas não estamos em uma ilha", contou, destacando a necessidade de que medidas também sejam realizadas pelo governo federal, de acordo com o avanço da crise.

Estiagem

Para enfrentar os efeitos da estiagem na economia, Coutinho citou que a posição do Banrisul é de analisar a situação de cada produtor rural, de modo a promover uma possível reprogramação ou refinanciamento de dívidas rurais. Questionado sobre uma possível privatização, disse que a decisão é do governador, que já sinalizou que não irá propor a medida, e da Assembleia Legislativa. "No nosso horizonte, a gente não trabalha com privatização, trabalha como um banco público", resumiu.

O presidente da ACP, Mauro Bom, afirmou que a apresentação serviu como forma de demonstrar que o banco está como parceiro no desenvolvimento do Estado, de forma a agir como um impulsionador da economia gaúcha. De acordo com ele, esse apoio passa a ser importante, considerando o cenário econômico, afetado por eventos como a disseminação do coronavírus e do impasse nas negociações entre a Rússia e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), sobre a redução de produção de petróleo. O próximo evento será no dia 2 de abril, e terá como tema Ajuste fiscal e reforma tributária, com a presença do deputado estadual Augusto Lara (PTB).